sábado, 2 de maio de 2015

IMPRESSÃO: Monsters of Rock 2015


Eu ia deixar passar sem fazer nenhum post, mas como teve feriado, parece que vai dar tempo. O Monster of Rock, festival de música em São Paulo que ocupou os dois dias do último final de semana, prometia ser o maior evento de Heavy Metal do Brasil em muito tempo. Além de prometer clássicos como Ozzy Osbourne, Judas Priest e Motorhead, a competição ficou fácil com o Rock in Rio trazendo bandas repetidas como Slipknot, System of a Down e Metallica como headliners. Eu fui nos dois dias, cheguei em Sampa antes de meio-dia, razão pela qual minha resenha do "Era de Ultron" foi tão... direta, digamos assim. Vou fazer bem basicão destacando o que chamou mais a minha atenção.

Sábado

De La Tierra

No sábado a fila tava muito grande e lenta, então eu cheguei lá já tava na última música deles, não tenho muito a dizer.

Primal Fear


Como uma das primeiras bandas do dia, muitos julgaram que o festival os subestimou. É uma banda alemã de power metal que se manteve muito bem. Todos os membros estavam afinadíssimos e no auge de suas habilidades, mesmo não sendo uma banda nova.


Coal Chamber


Todos os integrantes da banda são caracterizados, chamam bastante atenção, principalmente a baixista ruiva. Eles são competentes no que fazem, mas achei a sonoridade muito barulhenta e alternativa. Não fizeram um show ruim, muito pelo contrário, deu pra curtir muito como todos os outros, só não era exatamente o meu estilo, mas dava pra judiar do pescoço.

Rival Sons


Apesar dos headliners serem clássicos que fundaram o Heavy Metal, anteriormente havia bandas bem alternativas, com destaque para os Rival Sons. Impossível não gostar deles e não respeitá-los. A banda chega a lembrar Led Zeppelin, o vocalista conseguia gritar como o vocalista do Aerosmith fazia nos seus melhores anos. Foi a primeira vez que a banda veio pra cá, ou seja, não era muito reconhecida.

Black Veil Brides


A banda que mais foi zuada logo quando anunciaram o fest. Por que? Bem, BVB é uma banda emo. Apesar de bastante gente ter ido pra assisti-los, o público foi mal-educado e ficaram chamando pelo Motörhead nos intervalos. O cara da banda ainda foi educado, disse que não era um anti-Motorhead, só queria agradecer pela oportunidade e tocar algumas poucas músicas. O povinho não mudou a atitude e continuou chamando o Motörhead, o que inclusive levou o baterista a não fazer seu solo, desmotivado pela plateia imatura. Uma pena. Eu não sou cabeça dura, quando vejo que a banda é emo já viro a cara pro outro lado, mas assistindo o show devo admitir que eles tocam muito e, na verdade, fizeram um excelente som. Inclusive uma música me marcou muito com um violino sendo tocado ao vivo, trazendo um tom bem sinistro pra performance que eu não me esquecerei. Apesar da má-recepção, eles se encaixaram com o resto do festival no que se trata de qualidade. TODAS AS BANDAS FORAM BOAS.

Motörhead


Ironicamente, se aproximando do horário pro show do Motörhead um representante do festival falou pessoalmente com o público para explicá-los que o lendário frontman Lemmy Kilmister estava com febre, gastrite e o diabo, só podendo ser salvo por uma transfusão de sangue do Ozzy Osbourne, não podendo comparecer de forma alguma. O guitarrista e o baterista estavam lá, então chamaram o Sepultura pra fazer uma jam com eles. Por sorte o Sepultura tem um cover de "Orgasmatron" (uma das minhas preferidas do Motörhead) e eles o tocaram. Essa música nunca entra no set normal, então eu até curti. Depois eles fatalizaram com "Ace of Spades" e "Overkill", sempre usadas para fechar os shows da banda. Uma pena, mas foi melhor que nada. E eu realmente adoro Orgasmatron.



Do jeito que tão velhos eu imagino que não voltem mais. Uma pena, eu realmente queria ver o ícone Lemmy. Agora fico ouvindo ele cantando Stand By Me o dia inteiro pra matar a decepção


Ouve aí, vale a pena :) Essa música é muito bonita.

Judas Priest

Um dos principais fundadores de seu gênero. Junto ao meu querido Accept, era uma das bandas que eu mais queria assistir, perdi o show deles quando eu era mais novo em 2011 e não tinha me perdoado ainda. Curiosamente, eles não trouxeram toda aquela pirotecnia que marcou a turnê de (falsa)despedida, "Epitaph". Me surpreendi quando vi que o palco foi montado rápido, não houveram tantos efeitos de luz, ou sequer fogo. O Rob Halford também quase não se comunicava com a platéia, na real só lembro dele ter feito isso uma vez, depois das primeiras músicas. Como o Motörhead não foi, eles disseram que iam fazer uma setlist maior, mas em comparação com o show de domingo, isso se tratou de um pouco de cantoria com o público e a clássica "You Got Another Thing Coming". Algo muito bom é que no sábado eles tocaram "Love Bites" que eu adoro e era uma das que eu mais queria ouvir. Domingo foi substituída por uma do novo álbum, "March of the Damned", muito legal também, mas... não é Love Bites, baby. In the dead of night, love bites, love bites.


O que eu estranhei é que o público estava consideravelmente desanimado. É claro que tinha bastante gente animada, mas havia reduzido visivelmente após os últimos shows. E isso é BIZARRO porque o Judas sempre foi e ainda é um dos maiores embaixadores do Heavy Metal. Com os hinos clássicos "Breaking The Law" e "Painkiller", a menor intensidade de mãos pra cima e vozes cantando era bem esquisita. Eu fiquei sem entender! Será que eles simplesmente apesar de serem importantes não são tão populares? Não sabia se aquela gente não curtia Judas ou já estava muito cansada. A primeira possibilidade é muito mais assustadora. Bem, pra mim foi o melhor show.

Ozzy Osbourne


A agitação do público deixou claro que o povo tinha ido pra ver o Príncipe das Trevas. Ou seja, eles tinham algo estranho contra o Judas Priest mesmo. Após não ter visto o Motörhead e o Judas não ter sido a gaiola de loucos que eu esperava, acabei não me animando muito com o Ozzy, meio "vocês só agitam no show que eu já vi?". Sinceramente, todos saíram satisfeitos, mas eu já tinha assistido ele duas vezes, uma com o Black Sabbath e outra solo em 2011. A setlist mudou NADA. A única coisa que mudou é que tem música a menos. Ele tá mais velho que antes e o jeito de completamente perdido conseguiu aumentar. Ele não larga do teleprompter, errou as letras várias vezes; coisas que todo mundo sempre irreleva por ele ser o Ozzy Osbourne. Eu também costumava fazer isso, já que ele é um ídolo pra mim, mas chegando em "Crazy Train" ele falou "A próxima música se chama Crazy Train", seguindo o teleprompter ao invés de dar o marcante grito "ALL ON BOARD!!!!". S-I-M, ele não gritou 'all on board'...


Pra quem nunca tinha visto foi legal de qualquer forma, mas eu achei o cúmulo ele não lembrar do grito de entrada de uma música que provavelmente nunca saiu do set da banda solo desde 81. Continuo respeitando o cara e as músicas são muito boas, mesmo sendo as mesmíssimas que ele tava tocando há 5 anos atrás. Mas eu me desanimei um pouco com essas entrevistas otimistas que ele dá dizendo que vai ter novo álbum e turnê de despedida com o Sabbath, depois vai gravar mais álbuns com a carreira solo. Gravar tudo bem, mas fazer show de qualidade acho que ele não aguenta mais não. E olha que nem tinha como tá cansado que ele não tocava ao vivo desde quando acabou a tour do Black Sabbath.

Pensar que eles se conheceram na escola sempre me faz achar graça dessas fotos deles velhos.
Falando em velhos amigos... OLHA QUEM APROVEITOU PRA DAR UM ROLÊ NO BRASIL!

Imagino o diálogo.

- Vamos tocar Hellraiser?
- Não.


Se alguém não entendeu e nunca jogou "GTA: San Andreas", Hellraiser é uma música que foi feita em 1992, em união da banda solo do Ozzy Osbourne com o Lemmy do Motörhead. Parece que eles quiseram fazer a melhor música de todos os tempos só pra não tocá-la nunca jamais. Aliás, um dos meus sonhos sempre foi entrevistar o Ozzy ou bater um papo com ele e perguntar POR QUE ele NUNCA JAMAIS toca Hellraiser? Mas eu vi pelo YouTube a conferência que teve em São Paulo e perguntaram pra ele se ia tocar essa música no show, ele tirou sarro falando "Não sei, deixa eu checar minha bola de cristal". Po meu! Tem que colocar o cara na parede. Se bem que na hora que o Ozzy Osbourne tá na sua frente talvez você se sinta meio intimidado, né...? Só talvez...


Domingo

Doctor Pheabes


Única banda brasileira do festival. Extremamente bem humorada e competente, eles tinham vídeos bem legais rodando no telão que colavam com o espírito da banda. As músicas são de zuera e a comunicação do vocalista com o público procura fazer o contrário do que outras bandas fazem, fingindo que vai abrir o coração, mas dizendo um monte de besteiras em sequência. O que chamou mais a atenção foi uma dançarina fortona de pole dance que ficou girando com poucas roupas lá nas últimas músicas antes deles irem embora. E lembre-se disso, porque a próxima banda que eu vou falar é o...


Steel Panther

A primeira vista pode parecer uma banda que não tem a mínima noção que já passou sua época. Mas na real eles são justamente uma genial sátira dessas bandas espalhafatosas que surgiram nos Anos 80 pra ir na onda do Mötley Crue. Eles são hilários fazendo piadas até mesmo em português, chegando a dizer "Tenho algo que eu queria dizer pro Brasil" aí lia anotado na mão "Meu pau é muito pequeno!!!". São definitivamente uma evolução do Massacration que passava na MTV. As músicas eram bem legais e eles nunca esqueciam de manter os personagens durante a performance. Eles humilharam o Doctor Pheabes que tinham uma dançarina de pole dance, já que eles chamaram umas minas pra irem no palco e bem... nós não só vimos os seios de duas delas como vimos por bastante tempo. E meu chapa... eram grandes, to te falando u.u

Yngwie Malmsteen


Não sou muito fã desse cara, mas o show dele foi impecável do início ao fim, realmente um mestre da guitarra. Não tem um segundo que você não fique impressionado com o que eles tocam. Aliás, chega uma hora que você se acostuma a estar impressionado e nem nota mais.

Unisonic


Apesar dos trabalhos do Unisonic serem excelentes, o público inteiro quer vê-lo por causa do que Michael Kriske fez no Helloween, que se resume à duas músicas do show. Fiquei impressionado de ver que mesmo já estando gordo e careca (achei ele igual ao Rei do Crime da nova série da Marvel) ele ainda canta como antigamente. E olha... isso não é pouco.


Accept

Em um evento como o Monsters of Rock, todo mundo conhecia o Accept, nem que fosse só as mais famosas. Com alguns membros substituídos após o lançamento do bem-sucedido novo álbum, "Blind Rage", o Accept foi uma das bandas mais fortes. Infelizmente, como não estavam entre as principais seu set estava bem reduzido, mas AINDA ASSIM foi EXPLOSIVO! Tinha tudo de essencial, algumas clássicas trazidas de volta (London Leatherboys...) e várias que foram feitas desde o retorno em 2011: Teutonic Terror, Stalingrad, Pandemic, Stampede...


Senti falta de algumas como "Monsterman" e "Losers and Winners", mas é o preço de assisti-los em um festival. Muita gente saiu falando que foi a melhor banda do festival inteiro. Uma pena que tenham apresentado um set reduzido, mas como eu disse, AINDA ASSIM FOI MUITO BOM! Se eles retornarem ao Brasil eu tentarei conferir de novo, sem dúvida.


Manowar


Eu não gosto de Manowar, nunca gostei. Mas pra isso eles dizem... VAI SE FODER!


Sim... E não me peça explicações porque eu também não encontrei. Simplesmente pense que eles são o Manowar.

Judas Priest (DE NOVO!)


O Judas era convidado de honra, tocando nos dois dias do fest. Mesmo tendo os assistido um dia antes, curti da mesma forma. A banda tá velha mas tá se mantendo muito bem. O Rob Halford ainda consegue gritar bastante mesmo usando efeitos de eco várias vezes para prolongar seus gritos agudos. Mas foi a mesma coisa! Uma ondinha de desânimo estranha bem quando chega o Judas Priest! Tirando o Black Veil Brides que chegou a ser vaiado, todas as outras bandas que eram bem mais desconhecidas aparentaram (pra mim) receber mais energia do público. Aí... eu fiquei... chocado... Como eu já comentei, haviam pessoas, e não eram poucas, de braços cruzados durante Breaking The Law. Sim! Breaking The Law!

Aí entre um intervalo de músicas, ouvi uns comentários... bem... não vou ficar enrolando... ERAM COMENTÁRIOS HOMOFÓBICOS!!!! Eu não tenho como ter certeza se todo mundo que não acompanhava o clima da banda estava assim por causa disso, mas só a suspeita já me deixa... GRRRRRRRRRRRRRR! PELO AMOR DE DEUS! Ele é o Rob Halford! Eles são o Judas Priest! Devem nada pra ninguém! O que tem a ver ele ser gay??? Eu nunca imaginei que ia me desapontar tanto com o público do Heavy Metal! Mas uma coisa que eu aprendi na minha vida é que, infelizmente, não é porque as pessoas gostam das mesmas coisas que a gente que elas tem os mesmos valores. Isso porque ainda é o Deus do Metal, imagina se fosse o Queen? Iam deixar de cantar We Will Rock You?! Quanta ignorância! E mais, ele sempre foi gay, mesmo só tendo assumido em 1998. Que crédito isso tira do autor de Painkiller, Love Bites, You Don't Have To Be Old To Be Wise e tantas outras??? Nenhum! Mano, tive nojo.


Ele é um dos maiores representantes do Heavy Metal, se não for o maior depois que o Dio morreu. Os verdadeiros fãs do Judas Priest ficariam desapontados é se depois que ele morresse revelassem a sexualidade verdadeira dele, isso seria uma tremenda traição a tudo que ele representa se tivesse vivido se escondendo, afinal, o rock é um estilo que sempre se fortaleceu em ser você mesmo, e Rob fucking Halford nunca fracassou nisso. Bem, pra mim foi o segundo melhor show do festival, não esperava tanta força dos caras nessa idade. Azar de quem quis ficar pensando em outras coisas.

P.S.: Voltei realmente noiado me perguntando como o Halford, mesmo sendo o fucking Halford deve ter que aguentar um monte de merda na vida dele por causa disso. Bem, ele com certeza sabe que quem é metaleiro de verdade jamais vai deixar de erguer os chifrinhos pra ele quando canta.
Ainda por cima encontro sarro com Black Veil Brides no Google, kkkkkkk
Kiss

Assim como o Ozzy Osbourne, o Kiss era o outro headliner que eu também já havia assistido, na última passagem deles pelo Brasil em 2012. Eu já tinha consciência que o velho frontman Paul Stanley já tava véio, até considerando publicamente um substituto pro seu cargo (o que ainda teimo, não vai funcionar). Bem, pra mim foi o melhor show do festival, mesmo não chegando a ser minha banda preferida. Como? Coragem. Eles abriram com uma sequência das três músicas mais pesadas da discografia deles: Detroit Rock City, Creatures of the Night e Psycho Circus. FALA SÉRIO! Em sequência mais clássicos! I Love It Loud! Hell or Hallellujah! Mesmo havendo solos e longas pausas pra Paul conversar com o público, ELES NÃO TE DEIXAM RESPIRAR! E é só música boa! Só música agitada!


Diferente do Ozzy, em 4 anos eles trouxeram bastante novidade na setlist, mesmo sem terem gravado nada novo. A clássica "Strutter" não havia sido tocada da outra vez e foi uma das que mais chamou a atenção. Eles continuam sendo únicos e gigantescos no que fazem melhor. E é isso aí pessoal. Foi um ótimo festival, ao ponto em que provavelmente será impossível superá-lo em edições futuras.

4 comentários:

  1. Hum,eu não fui mas teve um amigo meu que foi.
    E para falar a verdade não sou muito fã do Judas(me deixe explicar), não que eu não goste é que eu não conhecia,conheci em um post seu aqui faz um tempo e deixei "na espera".Quando eu deixo uma banda "na espera" é quando eu coloco em uma lista para ouvir depois,sempre demoro para fazer isso mas sempre faço.Acho que já esta na hora de fazer isso com o Judas.
    Ps:Eu conheço só algumas musicas do Manowar,é outra que esta "na espera" mas gostei muito de uma chamadaa "Die with Honor".Quem curte muito é o meu pai.

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    1. Entendo perfeitamente a ideia de deixar bandas "na espera", haha. E não conhecer sempre tem alguém que não conhece, mas é um festival de música, não de sexo. Deixar de apreciar a música de um cara por ele ser gay me parece uma grande idiotice. E eles não tem uma letra gay, até onde eu saiba.

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    2. Também acho idiotice não gostarem da banda porque um dos membros é gay,não faz sentido mas infelizmente o preconceito ainda é forte,se Deus quiser esse problema real vai se resolvido.Acho um absurdo tudo isso sobre o feminismo(O machismo é sim um problema real mas nem perto da homofobia,racismo e outros que são muito maiores) e a homofobia ficou quase como um problema secundario.
      Ps:Eu já tirei Judas Priest da "espera" e pelo que eu vi "Touch of evil" fala sobre homosexualismo mas isso não me impediu de curtir para caralho.

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    3. Hum, pode até ser, não tinha pensado nisso, mas pode ser sobre qualquer tipo de tentação obscura. Kkkkkk, não é muito específica, ainda bem :p

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