domingo, 13 de outubro de 2013

Um marco na história do Heavy Metal no Brasil


É muito difícil para uma banda se reunir depois de 30 anos. Não apenas se reunir e marcar um show, isso muitas fazem, mas realmente fazer uma turnê quando todos os membros já chegaram na casa dos 60 é uma ideia que cansa só de pensar. Gravar um novo álbum, viajar pelo mundo inteiro. Imagine isso ainda se o guitarrista estiver tratando de um câncer que já não é mais possível de eliminar do seu corpo? Para isso se precisa de muito mais do que dinheiro, precisa de muita determinação. Mesmo com muitos imprevistos, um vocalista que constantemente não consegue manter a sua voz em forma após uma vida de excessos, a infeliz necessidade de ter que fazer a turnê sem o baterista, a produção de um álbum completamente novo após tantas décadas... os criadores do Heavy Metal, da música pesada, fizeram o seu último retorno. Um retorno, que vale lembrar, The Doors, Beatles, Queen nunca poderão ter, uma oportunidade que os veteranos de Birmighan agarraram com louvor. Saindo em turnê pela última vez ocorreu algo que nunca teria acontecido há 30 anos atrás, eles vieram para o Brasil. Pela primeira e talvez única vez na história... BLACK SABBATH EM SÃO PAULO.


A turnê já tá rolando desde o ano passado, é comum a esse ponto os músicos já estarem com preguiça, fazendo os shows no mínimo de tempo possível. É uma pena que as turnês dificilmente comecem pela América do Sul... mas é exatamente por isso que quem conseguiu ir nesses shows teve MUITA SORTE! O melhor do mais improvável! Os criadores do Heavy Metal simplesmente tocaram 16 músicas dando em quase duas horas de show! Todos os clássicos estavam lá naquela setlist, Iron Man, Paranoid, War Pigs, ainda equilibrado com algumas nem tão famosas mas que fazem a alegria dos fãs, incluindo três do novo álbum, "13".


Antes de tudo, me recuso a esquecer do Megadeth, por mais que eu não tenha muito a dizer. Pra coisa ficar ainda melhor o Sabbath ainda faz a turnê por aqui com o Megadeth abrindo todos os shows. O show do Sabbath se torna uma oportunidade de ouro ainda mais brilhante. Por que eu não tenho muito a dizer? Bem, o público com certeza não apreciou a oportunidade de assistir o Megadeth, uma das melhores bandas de metal de todos os tempos. Dave Mustaine já entra no palco mostrando suas habilidades anormais na guitarra e o set bem curto faz com que o show não tenha perda de tempo, se ouvindo clássicos o tempo inteiro. A produção é ótima, com MUITOS EFEITOS diferentes no telão a cada música, houve até a entrada do mascote da banda no palco, que mostrou o dedo do meio pra plateia, mas como eu falei aquela gente tava nem aí. Eu só não escrevo vários parágrafos sobre o show de abertura porque passaria a impressão de uma relevância que ele realmente não teve.

"Não pularam nem em Symphony of Destruction?"

 Não. Fazer o que, né? Bem, eu pulei...


O Black Sabbath chegou de surpresa já que ainda dava pra ver alguns caras da produção no palco quando Ozzy começou a gritar as suas frases clássicas no microfone. Eis que o espetáculo começa com War Pigs. Daí em diante foi só maravilha. As músicas novas fazem jus de serem tocadas nos shows, isso porque eles não tocaram muita coisa boa nova como Methademic e Dear Father, sem dúvidas apenas porque grande parte do público não iria conhecer. Mas depois eu falo do público. Cada pessoa que estava naquele palco foi impressionante.

OZZY OSBOURNE


O vocalista foi uma das razões do público brasileiro ter tido tanta sorte. Eu cheguei a ver gravações de shows desse ano em que o velho Príncipe das Trevas nem se mexia direito durante o show, o cara não dava um pulo e ainda cantava mal. O Madman tratou de refinar a voz e sem dúvida estava na velha forma da última vez que tinha vindo para São Paulo (2011). Foi emocionante ver o primeiro frontman de Metal da história, o eternamente sinistro ao mesmo tempo que simpático Ozzy Osbourne. O homem realmente estava inspirado, apesar de ter errado a letra de duas músicas, isso foi irrelevante perto da presença que Ozzy teve com o público, demonstrando a sua apreciação pela platéia constantemente Ozzy logo nas primeiras músicas, War Pigs, Under the Sun olhava para as pessoas como se estivesse vendo a melhor coisa da vida dele, virava para o lado e fazia contato visual com seus parceiros de banda como "Cara, você tá vendo isso?!". São Paulo teve o melhor de Ozzy, um cantor que será eternamente a melhor representação do espírito do rock and roll, já estava NA última música e o velhinho não deixava de sacudir a cabeça loucamente e gritar para a plateia acompanha-lo. Como a Rolling Stones disse ano passado, ele parece completamente possuído ao vivo, o maior frontman do metal. Depois de reverenciar a plateia umas 6x, surpreendentemente ao final  do show Ozzy  ainda não deixa de dizer "Espero vê-los novamente em breve". É, quem sabe.

GEEZER BUTLER


De N.I.B. no primeiro álbum do Black Sabbath até várias faixas de "13" Butler mostra uma presença incomparável no baixo. Durante o show ele sabe o seu lugar e deixa que Ozzy e Tony sejam o centro das atenções, mas é claro que ficar no seu canto fazendo o que ele faz com o baixo é o suficiente para ser nota 10. O grande momento de Butler é no solo inicial de N.I.B., após Ozzy gritar "GEEZER BUTLER!" alguns segundos são o suficiente para que Geezer acabe com todo mundo no show. Mesmo sendo o menos "social" da banda ao final quando teve a sua oportunidade ele também mostrou grande apreciação pelo público na hora de se despedir. Em cada e toda música Geezer arrebentava fazendo a sua parte, montando uma excelente dupla com o seu parceiro...

TONY IOMMI


O grande Iron Man mostrou que se não é indestrutível, ao menos lutará até o seu momento final. Tony Iommi é reverenciado como o maior guitarrista do Heavy Metal, e mesmo já tendo vindo para o Brasil em casos anteriores, essa foi a primeira vez que ele apareceu para tocar grandes clássicos como Iron Man, Dirty Women e Children of the Grave junto com os seus velhos parceiros. Não há dúvida que ele é o melhor do mundo quando demonstra 16 músicas diferentes da sua coleção de riffs épicos, com alguns solos que ele simplesmente vai dando uma improvisada na hora pra mudar. Tony está em um momento fatídico de sua vida, todos sabemos disso, e sinceramente, quando o público todo fazia coro com os seus riffs, ele olhava para a plateia e abria um sorriso impressionado foi, na minha opinião, o ponto alto do show. Todos os solos de Tony deixavam a plateia impressionada, em um momento inesquecível ao final de uma música o guitarrista fez o famoso chifrinho eternizado por seu falecido amigo Ronnie James Dio à plateia e a sua imagem ficou ocupando o gigantesco telão por vários segundos enquanto as pessoas já não sabiam mais o que gritar.

TOMMY CLUFETOS


Bill Ward não pôde participar da reunião, eles acharam um baterista a altura? Sim. Tommy já tocou com Alice Cooper, Ozzy Osbourne, ele sabe o que faz, nada daquilo era inédito pra ele provavelmente, apenas a proporção que aumentou para 70.000 pessoas em um show da talvez maior banda que ele irá tocar. Assim como da última vez que veio ao Brasil com Ozzy, Tommy não se cansa e toca como uma fera imparável, seu solo de bateria parece ser dividido em várias partes enormes, tempo mais que o suficiente para que ele sempre ganhe o respeito do público que ainda não o conhece e mostre que está entre os melhores bateristas que poderia ter sido escolhido para a reunião. Tommy é tão saudado pelo público quanto os membros da formação original.


O show é épico em diversos níveis, a pura presença dos músicos já é o suficiente, ainda ver algumas coisas como o Ozzy se ajoelhando para o Tony Iommi e o reverenciando no enorme solo de Dirty Women é espetacular. A banda está velha, mas está ÓTIMA, eles mudaram o curso da música, e agora muitos anos depois estão fazendo uma turnê que ficará marcada na história. A setlist é diferenciada pois além das músicas mais famosas bem pesadas, Sabbath também tem uma ótima alternatividade. Eu lembro que quando vi que a música Black Sabbath estava na setlist fiquei emputecido, e não foi pouco, achei ridículo. Nunca estive tão enganado.


Eu acreditava que da forma que a banda faz o show de uma forma simples, uma música parada como Black Sabbath não teria a mínima graça ao vivo. Eu subestimei a banda, depois de Ozzy dizer que tocarão agora a sua primeira música, o palco fica todo preto apenas com duas imagens do capetinha que é mascote da banda. Então começa o barulho do sino na tempestade, logo depois descubro que também havia subestimado Ozzy Osbourne. Pela primeira vez vejo Ozzy fazendo uma performance realmente teatral, passando um tipo de desconforto e agonia que ele estaria sentindo enquanto canta a música sobre perturbação sobrenatural. O cenário sombrio continua e na hora que o solo de guitarra começa, a banda fica impressionada com quase o público inteiro pulando loucamente, a música teria ficado ótima mesmo que fosse usada para abrir ou até fechar o show, eu realmente não sabia que eles eram capazes de algo tão diferente ao vivo. Quando a loucura termina, Ozzy faz o sinal da cruz. Me pergunto o que eles fariam se tivessem mais tempo para tocar outras músicas diferentes como Changes.



Esse é um vídeo que eu já havia colocado na página do Facebook, foi o melhor que eu achei no Youtube. Bem, eu disse que ia falar do público. Tava todo mundo muito menos animado do que eu esperava. Provavelmente por ser uma banda tão marcante, todo mundo vá, mesmo quem não é tããão fã e vê Ozzy Osbourne dizendo para você bater palma como o momento em que você DEVE bater palma. Realmente estavam mais desanimados do que em um show solo do Ozzy, claro que o Sabbath é bem melhor, mas a audiência não é tão concentrada. Além disso, nunca entenderei as pessoas que bebem e se drogam antes do show, pra quando ele começar já não saberem mais onde estão (ficam olhando pra um lugar que eu não quero saber qual é) e nem lembrarem do show no outro dia. Bem, cada um cada um, né? Tem gente que está no... show do Black Sabbath, mas precisa dar uma fumada pra se divertir! Afinal, um show desses não é divertido o suficiente! Bem, espero ter conseguido passar o quanto esse show foi incrível, afinal, já deve dar pra imaginar, o que surpreendeu mesmo, é como eles não fraquejaram, cara... 16 músicas foi um tanto além do que eu esperava. O Sabbath não só retornou, como retornou com tudo.

1-War Pigs
2-Into The Void
3-Under The Sun
4-Snowblind
5-Age of Reason
6-Black Sabbath
7-Behind The Wall of Sleep
8-N.I.B.
9-End Of The Begginning
10-Fairies Wear Boots
11-Rat Salad
--Solo de Bateria--
12-Iron Man
13-God is Dead
14-Dirty Women
15- Children of The Grave

BIS

16-Paranoid

Essas fotos estão todas lindas, ainda bem que estão com marcação na direita, preciso nem colocar a fonte.

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